19/08/2011

Bolsa: especialistas apontam o que não se deve fazer em momentos de crise

SÃO PAULO - Depois de passar por alguns dias de aparente tranquilidade, a bolsa de valores de São Paulo voltou a refletir os dados da economia norte-americana e, na esteira das bolsas mundiais, registrou forte queda no pregão desta quinta-feira (18), causando nova rodada de pânico entre os investidores.

Apesar de ser difícil encarar quedas de 4%, 5% e até 8%, como aconteceu no início deste mês, especialistas apontam algumas atitudes que os investidores não devem ter em momentos de crise como agora.

Para o gerente-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores), Paulo Portinho, o investidor não deve nunca mudar a sua estratégia de investimento no meio de uma crise como esta. "Se a pessoa está comprando para longo prazo, deve permanecer atuando desta forma", diz.

Já aqueles que fazem day trade (comprar e vender a mesma ação no mesmo dia) também devem encerrar as posições no final do dia, independente do resultado. "Se ele compra com este objetivo, não pode resolver ficar com o papel da empresa para o longo prazo para não realizar prejuízo. Mesmo porque, em muitos casos, ele não conhece nem os fundamentos daquela empresa e não sabe se ela tem potencial de valorização", aponta o especialista.

Para Portinho, ao mudar a forma de operar bem no meio de uma turbulência, o investidor está muito mais sujeito a erros e pode ter um prejuízo ainda maior. "Ele sai da sua rotina e resolve operar de uma maneira diferente, em que não possui nenhuma experiência, justamente no pior momento possível", aponta Portinho. "Existe uma chance monumental de perder fazendo isso", completa.

Não entrar em pânico
Para o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, em épocas de muita turbulência, o investidor não deve entrar em pânico e resolver vender as ações apenas por impulso, assustado com os números vermelhos na tela do computador. "Se ele comprou com objetivos de longo prazo, não pode se desesperar e vender porque está caindo muito", afirma Galdi.

Segundo ele, o ideal mesmo era fazer o contrário e aproveitar a queda para comprar ainda mais papéis por um preço menor. "Ele pode aproveitar as chamadas 'pechinchas' e comprar ações por um preço bem menor do que pagou anteriormente. Isso faz com que o preço médio da sua carteira diminua", pontua Galdi.

Já aqueles que têm ações e possuem um prazo determinado e precisam vender por conta de algum compromisso financeiro - como a compra de um carro, imóvel etc. - não devem esperar muito e podem ir saindo aos poucos da bolsa, tentando recuperar um pouco com a renda fixa, de acordo com Galdi.

O gerente do INI ressalta que, para quem opera no longo prazo, o importante mesmo é conhecer os fundamentos da companhia e não ficar preocupado com as quedas e a forte volatilidade do mercado. "Se você investiu pensando em vender em 2020, por exemplo, como uma queda agora em 2011 afetaria a sua vida? Praticamente em nada", diz.

Então, o que fazer?
Para os especialistas, o importante é que o investidor mantenha a estratégia que adotou desde o início e procure agir de maneira racional, evitando seguir o "efeito manada".

Além disso, para aqueles que compram com objetivo de vender apenas no longo prazo, vale a pena se "desligar" um pouco do noticiário e focar nos reais fundamentos da economia brasileira e das empresas. "É importante tentar se ater à economia real. Ela não cai tão rapidamente quanto a bolsa", afirma Portinho.

Também é interessante fazer o exercício de se informar sobre a empresa, acompanhar o balanço e, se tiver dúvidas, entrar em contato com a área de RI (Relações com Investidores)", finaliza.

Fonte: InfoMoney

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