Após a apresentação de um documento sigiloso no dia do julgamento, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) absolveu o Credit Suisse Securities da acusação de uso de informação privilegiada ("insider trading") na operação com units - cesta composta por ações ordinárias e preferenciais - da Terna Participações.
Segundo a representante da Procuradoria Federal Especializada, Milla Vasconcellos, o documento apresentado pela instituição "confirma com suficientes elementos" a "verossimilhança das alegações trazidas acerca das operações realizadas pela parte". Com isso, a própria procuradora recomendou a absolvição do acusado, o que foi acatado por toda a diretoria da autarquia no julgamento.
O processo foi aberto porque o Credit Suisse negociou units de emissão da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo enquanto prestava consultoria à Terna na operação societária de venda de seu controle acionário.
A divulgação da venda do controle da companhia em fato relevante foi feita no dia 23 de abril de 2009. No dia anterior, o Credit Suisse negociou units de emissão da empresa na bolsa.
Por isso, a CVM investigou a possibilidade do uso de informação privilegiada na negociação. No entanto, o Credit Suisse explicou que a operação foi de pequeno porte, apenas para dar liquidez à operação de um cliente que havia colocado à venda na bolsa um lote de 35,5 mil units. Para o fechamento da operação, faltavam apenas 2,8 mil. Por "razões comerciais, devido a seu relacionamento com o cliente", a instituição acabou comprando as units que faltavam, para garantir que o cliente conseguisse fechar a transação.
"As units adquiridas foram revendidas a preços de mercado no mesmo dia, sendo que o Credit Suisse USA sofreu pequeno prejuízo com a operação", explicou a instituição no processo da CVM.
No entanto, inicialmente, segundo a procuradora, os argumentos foram trazidos "desacompanhados de qualquer prova". E apenas o documento apresentado no dia do julgamento confirmaria as afirmações. (JE)
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