De São Paulo
04/08/2011
Com fraco desempenho do mercado de ações nesse ano diante das incertezas no cenário externo, as opções conservadoras continuam liderando as aplicações em fundos.
O setor apresentou uma captação líquida (descontada a rentabilidade) de R$ 761,5 milhões em julho. Grande parte dos aportes foram para as carteiras de renda fixa e DI, que encerraram o mês com aplicações líquidas de R$ 2,08 bilhão e R$ 1,74 bilhão, respectivamente, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
No ano, a captação líquida dos fundos domésticos soma R$ 53,06 bilhões. Em 12 meses, a captação está em R$ 109 bilhões.
Com o aumento da taxa básica de juros Selic para os atuais 12,5% ao ano, muitos investidores migraram parte dos recursos dos fundos multimercados para os de renda fixa. A categoria segue liderando os resgates, apresentando em julho uma saída líquida de R$ 4,26 bilhões.
Na gestora Icatu Vanguarda, 90% da captação no ano, que somou R$ 470 milhões, foram direcionados para os fundos de renda fixa. "A maior parte das aplicações foi principalmente para fundos que têm como benreferencial índices de inflação e carteiras que aplicam em crédito privado", destaca Bruno Horovitz, responsável pela área comercial da Icatu.
Os fundos multimercados estão sofrendo mais porque têm enfrentado dificuldades para obter retorno. Apenas 15% das carteiras conseguiram bater o CDI no ano, que acumulava variação de 6,54%, destaca Roseli Machado, diretora da Fator Administração de Recursos (FAR), gestora do Banco Fator.
O cenário para os fundos de ações também continua pessimista. A bolsa brasileira acumulava no ano, até ontem, perda de 19,2%. A categoria apresentou resgate líquido de R$ 451 milhões em julho, totalizando uma saída líquida de R$ 2,04 bilhões no ano. A crise nos países da Europa e as preocupações com relação à recuperação da economia global trouxeram um aumento da aversão a risco nos mercados nos últimos meses.
Passado o temor com o risco de suspensão do pagamento dos títulos dos Estados Unidos, após a aprovação da elevação do teto da dívida do governo americano, as incertezas em relação ao desempenho da maior economia do mundo voltaram a preocupar os investidores. Dados sobre o mercado de trabalho do setor privado, divulgados pelo ADP Employment nessa semana, mostraram a criação de 114 mil vagas em julho no país, abaixo dos 145 mil postos abertos no mês anterior. Na Europa, as questões sobre o pacote de ajuda para os países mais endividados ainda não está resolvida.
Apesar do cenário internacional pouco favorável, Roseli, da Fator, enxerga uma oportunidade de investimento para os fundos de ações diante do desconto dos papéis das empresas brasileiras. "O Brasil vem sendo mais prejudicado que outros mercados, mas os resultados das empresas não têm decepcionado."
O vice-presidente da Sul América Investimentos, Marcelo Mello, no entanto, não vê um aumento da captação dos fundos multimercado e de ações no curto prazo. "O agravamento da situação internacional impede a volta do fluxo de recursos para o Brasil, e acho difícil que a bolsa brasileira tenha uma recuperação significativa no segundo semestre."
Já a expectativa de que a desaceleração da economia internacional pode ajudar a segurar a inflação brasileira, contribuindo para a interrupção do ciclo de alta da taxa Selic, traz oportunidades de ganhos com aplicações prefixadas em juros, diz Melo. "Nos últimos 30 dias, diminuímos a posição em títulos indexados à inflação e aumentamos a de prefixados, com a expectativa de uma inflação menor."
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