04/08/2011
Se antes o temor dos investidores recaía sobre a aprovação do novo teto do endividamento americano, o comportamento do mercado ontem mostrou que o buraco é mais para baixo. Agora, começa-se a consolidar a percepção de que uma nova recessão está próxima da economia dos EUA. Se isso acontecer, não é difícil imaginar que o mundo será contaminado, dada a importância americana.
E, se isso por si só já é um problemão, que afeta o mundo todo, Itália e Espanha colocaram mais lenha na fogueira, pagando prêmios de risco recordes em seus títulos. "Os papéis dos dois países estão com taxas acima de 7%, algo insustentável, praticamente uma situação de calote", diz o estrategista de renda variável do HSBC, Carlos Nunes.
Indicador brasileiro já acumula uma queda de 19% no ano
Ele lembra que, com a entrada desses dois países, a crise europeia pode ter um impacto avassalador sobre os mercados. "Ajudar Portugal, Irlanda e Grécia é uma coisa, já Itália e Espanha é outra coisa totalmente diferente; não há como socorrer economias desse tamanho", acredita o estrategista do HSBC.
Com esse cenário aterrador, o Índice Bovespa chegou a cair 3,6% na mínima do dia, operando aos 55.249 pontos. As perdas, no entanto, foram amenizadas e o principal indicador da bolsa brasileira terminou o dia com desvalorização de 2,26%, aos 56.017 pontos. Essa é a menor pontuação desde 3 de setembro de 2009, quando o indicador fechou aos 55.707 pontos. Percentualmente, essa é a segunda maior queda do ano, atrás apenas da desvalorização vista em 9 de fevereiro, que foi de 2,36%.
Somente nesta semana, o índice registra queda de 4,77%. Já no ano, o indicador acumula uma perda de 19,2%. Pouquíssimas bolsas caem mais do que a brasileira. A bolsa da Grécia tem uma queda de 22,11% e a do Egito, uma baixa de 31,07%. Vale lembrar que a situação econômica complicada desses dois países nem se compara com a do Brasil.
Os tremores na Europa podem aumentar mais visto que o pequeno Chipre está na direção de pedir socorro financeiro a Bruxelas para evitar uma quebra generalizada.
A aversão a risco vem aumentando de forma vertiginosa. Para se ter ideia, são raros os profissionais de mercado que ainda acreditam que esta seja apenas uma correção de curto prazo.
Daniele Camba é repórter de Investimentos
E-mail daniele.camba@valor.com.br
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