19/08/2011

Mercado assume viés recessivo e bolsas caminham para nova rodada de perdas

SÃO PAULO - Depois da volatilidade voltar a ganhar força na véspera, o início de sessão desta sexta-feira (19) não dá sinais de qualquer arrefecimento do clima pessimista que avança entre os investidores. Por hora, os índices do pré-market norte-americano sugerem abertura com quedas ao redor de 1,5%, enquanto as bolsas europeias, já em pregão regular, apresentam perdas da ordem de 2,5%.

Após o Morgan Stanley, outros agentes de peso como J.P Morgan Chase, Goldman Sachs e Deutsche Bank cortaram suas projeções para o crescimento mundial em 2011 e 2012. Além desses cortes verificarem uma tendência de redução da atividade econômica que já se faz presente, eles ajudam a acelerar a deterioração das bolsas de valores, uma vez que os novos dados serão embutidos nos modelos de bancos, fundos e investidores em geral.

Além disso, a deterioração se materializa através de um movimento quase que natural de mercado. Em suma, outros agentes cortarão suas projeções, influenciando a oferta de crédito, tanto para produção quanto para consumo, que por sua vez irão afetar os resultados corporativos e as bolsas, dando início à um círculo vicioso que se repete até que, finalmente, "voilá": estará completo o caldo da recessão.

EUA desligam os motores
Na última quinta-feira, o Philadelphia Fed recuou de 3,2 para -30,7. O indicador de atividade industrial é um dos primeiros formados com dados coletados após o downgrade dos EUA no início de agosto. Uma vez que o indicador é representativo para toda a economia norte-americana, o mercado financeiro deverá se debater ainda com um punhado de números fracos nos próximos meses. Basicamente, o Philadelphia Fed indicou que os EUA pararam de produzir, contratar e estão buscando reduzir os níveis de estoques.

"É mais uma cruel reminiscência de 2008 e deve servir como alerta para que nós não subestimemos o impacto do atual turbilhão financeiro", afirma Arne Lohmann Rasmussen, analista chefe do Danske Bank.

Bancos no olho do furacão
Para complicar, crescem as preocupações acerca do setor bancário, principalmente europeu, pois muitos já temem que a crise fiscal na Zona do Euro irá corroer o capital dos bancos. "O temor ao redor do setor financeiro surge ao mesmo tempo em que o medo de recessão cresce exponencialmente", resume Rasmussen.

Frente à este cenário, não poderia ser diferente: "Recomendamos cautela e atenção ao movimento de desalavancagem mundial", criva Marco Melo, head de análise e pesquisa da Ágora Corretora.

Inflação no radar local
Por aqui, é natural que toda a influência externa siga afetando a bolsa brasileira, porém investidores locais devem seguir acompanhando de perto a quantas a luta com a inflação.

"Vale mencionar a importância da divulgação do IPCA-15 de agosto nesta sexta-feira, às 9h00, de Brasília - variável importante para a formação final das expectativas do mercado para a decisão do Copom no próximo dia 31", recomenda Melo.

Fonte: InfoMoney

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