17/08/2011

Números da Anhanguera decepcionam; ações caem 11%

 

Ana Paula Ragazzi | De São Paulo

17/08/2011

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As ações da Anhanguera Educacional estiveram mais uma vez entre as maiores perdas da bolsa ontem - desta vez por conta dos números do segundo trimestre considerados fracos pelos analistas. Os papéis caíram 11%.

Conforme observou o banco Itaú BBA, em relatório, o resultado foi negativamente afetado pela queda de receitas com cursos prepara preparatórios para concursos públicos, que praticamente não aconteceram no trimestre passado. Além disso, houve aumento nas despesas com marketing.

O lucro líquido da companhia caiu 10% e somou R$ 8 milhões no trimestre passado, na comparação com o mesmo intervalo de 2010.

Apesar das últimas semanas turbulentas para os papéis da empresa na bolsa, a Anhanguera mostrou-se otimista com o segundo semestre. Revelou que está com 11 memorandos assinados para realizar novas aquisições. No total, elas poderão agregar 100 mil alunos à Anhanguera, - quantidade semelhante ao total da concorrente Kroton.

Também informou que o momento de nova instabilidade financeira global não preocupa. Acredita que seus níveis de provisão estão mais do que adequados e não sente aumento da inadimplência. A Anhanguera aposta que, nos próximos meses, serão retomados os concursos públicos, em destaque as vagas para INSS, Polícia Federal e AGU.

"Concursos não estão ligados a situações econômicas. Quando são lançados, as pessoas se inscrevem. Também temos nossos alunos matriculados, o que nos dá certa previsibilidade ao negócio", afirmou ao Valor Alex Dias, principal executivo da Anhanguera. Ele também destacou que na crise de 2008-2009, os negócios foram pouco afetados.

Tanto em seu comentário de desempenho quanto na teleconferência, a Anhanguera detalhou longamente alguns dos aspectos de seu balanço. Partes de sua contabilidade vinham sendo questionados nas últimas semanas pelo mercado, entre eles itens não recorrentes, aspectos de sua forma de realizar provisões e baixas contábeis, cobrança de aluguéis, ganhos com imóveis e seu programa de remuneração aos executivos - todos esses pontos foram amplamente detalhados em conferência com investidores durante quase duas horas.

Dias avalia que "os boatos que influenciaram as cotações" da Anhanguera já foram dissipados. A empresa divulgou um relatório de 30 páginas com mais detalhes sobre a contabilização de seus resultados. Em três páginas, esclareceu sobre os itens que considera não recorrentes. Destacou custos e despesas relacionados a fusões e aquisições, a projetos, além de despesas de vendas e marketing que classifica como não recorrentes.

No segundo trimestre, houve um gasto de R$ 4,3 milhões com o lançamento de uma ferramenta, o Google Apps. No passado, a empresa já considerou uma campanha para informar alunos sobre a criação do Novo FIES, um programa de financiamento como uma despesa de marketing não recorrente.

A empresa também considera dessa forma os custos com as fusões e aquisições, atividade permanente em anos recentes e que tende a ser ainda mais presente nos próximos meses. Dias lembra que essa é a prática adotada pela maioria das empresas no Brasil. "O desejo é de permitir ao investidor realizar uma melhor análise do negócio", afirma Dias.

A Anhanguera também descreve receitas operacionais não recorrentes com a venda de imóveis - essas negociações, em alguns trimestres, apesar de não operacionais, contribuíram para aumentar o resultado da empresa.

O lucro ajustado divulgado pela Anhanguera foi de R$ 34 milhões. A receita líquida cresceu 10% no segundo trimestre e atingiu R$ 267,5 milhões. O Ebitda foi de R$ 50 milhões, em alta de 5,5%. A empresa manteve sua estimativa de Ebtida para o ano entre R$ 285 milhões e R$ 315 milhões.

 

 

 

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