12/08/2011

Varejo olha crise com cautela e revê estratégias

Adriana Mattos, Luciano Máximo e Sergio Lamucci | De São Paulo

 

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Indústrias de bens de consumo e redes varejistas já adotaram maior cautela na condução dos negócios por causa da crise nos mercados financeiros. O temor dos empresários é de que a turbulência nos mercados e o desaquecimento das economias na Europa e nos Estados Unidos reforcem a tendência de desaceleração sentida nas vendas do comércio no primeiro semestre. Um conjunto de fatores - maior endividamento, alta da inflação e aumento da taxa básica de juros - reduziu o crescimento do comércio nos últimos meses, mas poucos setores sentiram, até agora, uma retração adicional associada à crise.

Existe hoje um desaquecimento visível no varejo de eletroeletrônicos e eletrodomésticos e sinais de aumento de estoques de produtos não-duráveis, como itens de higiene e beleza. Em outros segmentos, como shopping centers, vestuário e calçados, a desaceleração ainda não foi percebida.

O varejo de eletroeletrônicos e eletrodomésticos passou a identificar um menor ritmo de expansão há dois meses. Segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o faturamento do setor eletroeletrônico na região (em dólares) cresceu 14,3% até maio, em comparação com um aumento de 78,5% no ano passado. A base elevada ajuda a explicar a alta mais tímida, mas essa não é a única explicação. "Há um ambiente macroeconômico bem diferente neste ano", diz Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.

Há sinais claros de alta de estoques de produtos não-duráveis nas indústrias de consumo. Essa observação está no relatório mundial de uma das maiores fabricantes brasileiras do setor, a Unilever. Na mesma linha, o presidente do conselho do Pão de Açúcar, Abilio Diniz, afirmou a analistas, no fim de julho, que "à medida que os meses passam percebe-se maior dificuldade em fazer vendas".

Os dados do IBGE até junho mostram que o bom desempenho do comércio varejista no primeiro semestre foi impulsionado especialmente pelo mercado de trabalho aquecido e pela confiança elevada do consumidor. As condições de financiamento pioraram nos últimos meses, com aumento dos juros e o fim do alongamento dos prazos, mas não a ponto de prejudicar as vendas dos bens mais dependentes do crédito.

 

 

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