16/08/2007

Após despencar mais de 8%, Bovespa reduz queda

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vai despencando nesta quinta-feira. Às 15h40, caía 5,09%, a 46.775 pontos. Cerca de duas horas antes, o recuo era de 8,36% (veja gráfico com atualização constante).

Desde a última quinta-feira até o encerramento de ontem, a queda foi de 10,8%. Se continuar nesse ritmo, a Bolsa voltará em poucos dias ao nível de pontuação com que começou o ano. Para retornar aos 44.473 pontos registrados no primeiro pregão de 2007, é necessária uma baixa de cerca de 10% a partir de hoje.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, o mais importante do mundo, opera em baixa e já perdeu 10% nos últimos 30 dias.

Na Europa, as Bolsas tiveram forte queda hoje, com o principal índice registrando seu pior resultado diário em quatro anos. Na Ásia, fecharam em forte queda. O dólar faz o caminho inverso e dispara.

Em resposta, o Federal Reserve (banco central dos EUA) injetou hoje US$ 17 bilhões no mercado; o Banco do Japão, US$ 3,3 bilhões.

Cada vez pior
O motivo das fortes quedas nas ações de todo o mundo é que analistas ainda não sabem qual o tamanho da crise. "As notícias têm vindo cada vez piores. Os tentáculos desta crise de crédito continuam se espalhando", disse Angel Mata, diretor-gerente de operações com ações listadas na Stifel Nicolaus Capital Markets, em Baltimore.

A Countrywide Financial, maior empresa dos Estados Unidos no ramo de hipotecas, anunciou que precisou pegar emprestados US$ 11,5 bilhões em uma linha de crédito para aumentar sua liquidez.

Essa mesma companhia deu início à atual onda de turbulências nas Bolsas do mundo, iniciada em 24 de julho (e intensificada na quinta-feira passada). Naquela data, ela havia anunciado que seu lucro caiu 33% no último trimestre, ficando abaixo do esperado.

Preço da crise
Contribuiu para aumentar as preocupações desta quinta uma declaração do secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, ao "Wall Street Journal". Ele disse esperar que a turbulência nos mercados "cobre um preço" sobre o crescimento econômico. Hoje, um dos principais problemas dos analistas de mercado é saber até que ponto a crise das Bolsas afetará a economia real.

Já o presidente do Federal Reserve de St. Louis disse à empresa de informação financeira Bloomberg que a instabilidade dos mercados não afetou a economia e que não há necessidade de corte de juro atualmente.

Agências serão investigadas
O foco dos problemas passa a ser a falta de transparência no mercado, já que agências de classificação de risco não alertaram para os problemas do setor de crédito imobiliário de segunda linha ("subprime", no jargão em inglês) nos Estados Unidos.

Agências como a Standard's & Poors (S&P) e a Moody's serão investigadas pela Comissão Européia por sua lenta resposta à crise, afirma o jornal econômico britânico "Financial Times" hoje.

Além disso, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, solicitou nesta quinta-feira ao G-7 (grupo dos sete países mais desenvolvidos economicamente) que analise a transparência dos mercados e a solidez dos produtos financeiros.

No Brasil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia que organiza o mercado de ações, colocou hoje em audiência pública uma revisão das regras sobre a atuação dos analistas de investimentos e sugere um "código de conduta" para jornalistas. O texto não associa essas propostas diretamente à atual crise.

Fonte: UOL Economia

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