27/08/2007

Crise esfria e Bolsa sobe 9% na semana

Os principais ativos brasileiros tiveram a melhor semana desde que a atual turbulência nos mercados começou, há um mês. Entre segunda-feira e ontem, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) disparou 9,14%, maior alta semanal desde outubro de 2002. O dólar caiu 4,1% e o risco Brasil recuou 4,3%, para 199 pontos.

Se a melhora é evidente, o mesmo não se pode dizer sobre o fim da crise. "É óbvio que ninguém se arriscará a dizer que acabou, mas tivemos sinais encorajadores", afirmou Luciano Sobral, economista do Banco Santander. "As bolsas subiram, os juros caíram e a aversão ao risco diminuiu."

Os analistas atribuem o desempenho positivo a três fatores. O primeiro é a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de reduzir, na sexta passada, a taxa de juros dos empréstimos aos bancos, modalidade conhecida como redesconto. O segundo fator foi a injeção de US$ 2 bilhões que o Bank of America fez na Countrywide, maior empresa de crédito imobiliário dos EUA.

Por fim, como definiu Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, "não houve notícias ruins". "As operações nos sistemas financeiros dos EUA, da Europa e do Japão voltaram ao normal", exemplificou.

Ontem, especificamente, dois indicadores da economia americana animaram os investidores. As vendas de bens duráveis cresceram 5,9% em julho, ante uma previsão de alta de 1%. As vendas de imóveis novos avançaram 2,8% no mesmo mês, enquanto os analistas esperavam um recuo de 1,4%.

Apesar da melhora, os ativos brasileiros estão longe dos níveis que exibiam em 25 de julho, data que antecedeu o início do vaivém. Naquele dia, o Ibovespa fechou em 56.001 pontos, ante 52.997 pontos ontem. O dólar estava em R$ 1,867 (encerrou esta semana em R$ 1,942) e o risco Brasil estava em 183 pontos.

Nos EUA, a semana também terminou no azul, mas com menos exuberância. O Índice Dow Jones subiu 2,29% entre segunda-feira e ontem. A bolsa eletrônica Nasdaq avançou 2,86%. A principal razão para a diferença na comparação com o Brasil é que os mercados americanos sofreram menos que os brasileiros no pior momento da crise.

Rosa e Sobral acreditam que duas questões vão nortear os próximos passos nos mercados. A primeira é a saúde da economia dos EUA, que poderá ser avaliada com base nos indicadores do país. "O objetivo é saber se a turbulência abalou a atividade", disse Sobral. A segunda diz respeito à eventual divulgação de informações negativas relacionadas ao setor financeiro, em decorrência da crise imobiliária dos EUA.

Fonte: Estadão.com.br

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