14/08/2007

Conheça o jeito mais seguro de investir na Bovespa

Diante da incerteza sobre o tamanho do ajuste no mercado acionário, hoje a forma mais segura de comprar ações é o POP, que pode garantir ao investidor um retorno mínimo igual ao do DI

Momentos de turbulência não são, necessariamente, sinônimo de perdas na bolsa. Há várias estratégias para se defender em épocas como essa. Para os investidores menos experientes ou mais conservadores, a opção mais segura hoje é o POP (Proteção do Investimento com Participação), produto criado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em fevereiro. Seu objetivo é reduzir os riscos de quem aplica no mercado de capitais. Mas alguns POPs chegam mesmo a oferecer perspectivas de retorno mínimo próximas às de um fundo DI – nada mal para quem quer continuar no pregão com a expectativa de obter um bom retorno mas não sabe se as perdas causadas pela crise do mercado hipotecário americano vão se agravar.

"Em termos de segurança, o POP sem dúvida é o produto do momento", afirma o diretor de Operações da Fator Corretora, Antônio Milano Neto. Todo POP garante ao investidor um preço mínimo de recompra das ações, o que reduz as expectativas de perda. Num exemplo hipotético, se o investidor contratou um POP cujo preço mínimo de recompra seja de 100 reais por papel, ele receberá esse valor no dia do vencimento da aplicação, mesmo que, no pregão, as ações estejam abaixo disso. "É uma opção interessante, porque permite controlar o risco em uma aplicação de renda variável", diz Otávio Sant’Anna, gerente de Home Broker da corretora Coinvalores.

Atualmente, há 118 tipos de contratos de POP autorizados pela Bovespa e pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Os produtos baseiam-se nos papéis de oito das companhias mais líquidas do pregão – Ambev, Bradesco, CSN, Itaú, Petrobras, Telemar, Usiminas e Vale do Rio Doce, além do PIBB (fundo de ações lançado pelo BNDES). Criados a partir de fevereiro deste ano, os primeiros POPs vencerão em 20 de agosto, mas há opções de aplicação que vencem até em meados de 2008. Cada POP é obrigado a informar o "capital protegido", isto é, por quanto o investidor poderá revender seus papéis, caso eles caiam abaixo desse piso. Para o POP da Ambev que vencerá neste mês, por exemplo, o capital protegido é de 120 reais. Se, no dia do resgate, a cotação for menor que esta, o aplicador ainda poderá vendê-los por esse preço.

"Renda fixa"

O capital protegido é calculado com base na cotação dos papéis e em projeções para os próximos meses. Por isso, em alguns casos, esse "piso" pode transformar a aplicação praticamente em um fundo de renda fixa, na pior das hipóteses. Um exemplo é o POP montado com as ações preferenciais do banco Itaú (ITAU75). Essa aplicação vencerá em 18 de fevereiro de 2008. Seu capital protegido é de 85 reais – isto é, o investidor não receberá menos do que isso por seus papéis. Nesta segunda-feira (13/8), as preferenciais do Itaú (ITAU4) fecharam em 80,86 reais na Bovespa. Um investidor que tenha aderido ao POP ontem já assegurou um ganho mínimo de 5,11% daqui seis meses.

Outro exemplo é o VALE74, POP baseado nas preferenciais da Vale do Rio Doce (VALE5). Essa aplicação também vencerá em 18 de fevereiro e assegura um preço mínimo por ação de 80 reais. Nesta segunda-feira, esses papéis fecharam em 74,70 reais. Se um terremoto varrer a bolsa nos próximos meses e derrubar os papéis da mineradora, o investidor saberá que ainda embolsará 7% mais ao final da aplicação. Para comparar, basta lembrar que, no primeiro semestre, os fundos DI acumularam alta de 6,16%, e os de renda fixa, 6,06%.

Contrapartida

É claro que segurança custa, e quem procura reduzir seus riscos também acaba abrindo mão de parte do potencial de ganhos. No POP também é assim. A contrapartida à garantia de um preço mínimo de recompra dos papéis que o investir receberá apenas parte da rentabilidade acumulada pelo papel durante o período da aplicação.

Conforme o POP escolhido, o aplicador só receberá 70% ou 80% do rendimento acumulado no período. A diferença ficará para a corretora que assumiu o risco de arcar com eventuais prejuízos para assegurar o preço mínimo do papel. Ainda assim, pode ser um bom negócio. "Em épocas de volatilidade, o princípio geral é preservar o patrimônio. Às vezes, é mais importante não perder, do que ganhar muito", afirma Júlio Capua, analista da America Invest.

O POP também está sujeito à mesma tributação de quem opera no mercado à vista de ações, e no mercado de opções, o que reduz mais o ganho líquido.

Passo-a-passo

Os POPs não são um fundo de investimento como o private equity, por exemplo, que tem um período determinado para captação e, depois, não recebe nenhum outro investidor. É possível comprar POPs até um dia antes de seu vencimento, se for interessante. Para quem pretende entrar nesse mercado, os especialistas dão os seguintes conselhos:

- comprar um POP, em essência, é comprar ações de uma empresa: por isso, escolha a companhia com melhores perspectivas de valorização;

- informe-se: o site da Bovespa traz um guia completo sobre o POP, bem como um simulador para analisar a rentabilidade do produto;

- procure uma corretora autorizada: apenas 26 corretoras têm permissão da Bovespa para operar com o POP; consulte a lista no site da bolsa;

- é possível solicitar a criação de um POP com papéis de uma empresa que não seja uma das oito já autorizadas. Neste caso, é preciso enviar uma requisição à CBLC e à Bovespa. Para ser autorizado, o novo POP precisa atender uma série de requisitos, como basear-se em papéis de uma companhia com boa liquidez.

Fonte: Portal Exame

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