14/08/2007

BCE observa normalização dos mercados após quatro injeções de liquidez

O Banco Central Europeu (BCE) observou uma normalização dos mercados do euro após quatro injeções de liquidez adicionais e, se a situação não piorar, deve subir as taxas de juros no início de setembro, segundo analistas.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, disse hoje que a entidade observa uma normalização das condições do mercado de dinheiro após ter fornecido a liquidez necessária para permitir o funcionamento ordenado.

Em novo leilão de financiamento rápido - também chamado de "ajuste fino" -, o BCE injetou hoje ? 7,7 bilhões no mercado, a taxas de juros variáveis e com vencimento de um dia.

Com esta operação de ajuste fino, o BCE ofereceu a oportunidade aos bancos de cobrir as necessidades de liquidez antes de liquidar amanhã a operação principal de refinanciamento, no leilão semanal de toda terça-feira.

Para evitar um colapso por falta de liquidez, nos últimos quatro dias úteis o Banco Central Europeu injetou um total ? 211,256 bilhões adicionais ao mercado, no qual os bancos comerciais pegam dinheiro emprestado do BCE e emprestam entre eles.

Em comunicado, Trichet explicou que o BCE "prestou grande atenção à evolução do mercado", que viveu "um período de nervosismo, no qual vemos um aumento da volatilidade e uma significativa revalorização de riscos".

Neste comunicado, Trichet repetiu a mensagem transmitida em 2 de agosto, após a reunião por videoconferência do conselho de Governo, que decidiu manter em 4% as taxas de juros a curto prazo para a zona do euro.

Na ocasião, o principal diretor do BCE preparou os mercados financeiros para uma alta moderada das taxas, até 4,25 %, no início de setembro.

Os analistas do alemão Commerzbank consideraram que "o BCE só não vai aumentar as taxas de juros se a situação piorar de novo".

Silvia Pepino, analista do JP Morgan, disse à Efe que "é difícil antecipar o que vai acontecer dentro de três semanas, já que houve muitos movimentos nos mercados". Por isso, não é tão certo que a entidade vá aumentar o preço do dinheiro como no início de agosto.

"A situação no mercado do euro se acalmou mas ainda está balançando", disse.

Para ela, o BCE agiu corretamente ao fazer as quatro injeções de liquidez no mercado, na primeira intervenção desde 12 de setembro de 2001, dia seguinte dos atentados terroristas em Nova York.

Christoph Balz, economista do Commerzbank, também avaliou a atuação do BCE já que o aumento da liquidez contribuiu "para reduzir a taxa de juros diária, que na quinta-feira chegou a 4,60%".

Normalmente esta taxa se situa no máximo entre 5 e 10 pontos básicos acima da taxa de referência estabelecida pelo BCE, atualmente em 4%, segundo Balz. Por isso, no final da semana passada superou-a em 60 pontos básicos.

Como os bancos não estavam dispostos a emprestar dinheiro, os juros subiram.

Foi então que o BCE, após contatos com os bancos comerciais da zona do euro, decidiu intervir e injetou ? 94,841 bilhões ataxas fixas de 4%.

Isto quer dizer que todos os bancos que participaram obtiveram o capital necessário a juros de 4%.

As outras três operações de refinanciamento foram a juros variáveis, situação em que os institutos de crédito têm que competir para conseguir liquidez.

A situação já se tranqüilizou, como mostra a queda paulatina da quantia de cada uma das quatro injeções de liquidez, bem como a redução da taxas de juros máximas puxadas pelos bancos comerciais.

Devido ao nervosismo pela incerteza sobre o alcance da crise das hipotecas de alto risco americanas, muitas entidades de crédito européias mostraram que não estão dispostas a emprestar dinheiro aos concorrentes por não saber se estão afetados e poderão devolver.

Fonte: UOL Economia

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