A agência de avaliação de risco financeiro Standard and Poor's (S&P) reduziu nesta sexta-feira (5) a nota da dívida pública dos Estados Unidos, algo inédito na história. A qualificação do crédito americano passou de "AAA" para "AA+", diante da crescente dívida e do pesado déficit no orçamento.
A S&P também assinalou a "perspectiva negativa" da nova classificação, um sinal de que outro rebaixamento da nota é possível nos próximos 12 a 18 meses. Paralelamente, fontes do governo envolvidas nas negociações apontaram falhas "profundas e fundamentais" na decisão.
Em comunicado, a Standard & Poor's disse que
o rebaixamento foi motivado pelo plano de consolidação que o Congresso e a administração aprovaram recentemente e que ficaria "aquém do que é necessário para estabilizar a dinâmica do débito do governo a médio prazo".Os títulos do Tesouro dos EUA, uma vez vistos como o investimento mais seguro do mundo, estão classificados agora abaixo de títulos emitidos por países como Reino Unido, Alemanha, França ou Canadá.
Correspondentes afirmam que o rebaixamento pode corroer ainda mais a confiança dos investidores externos na economia americana, que já enfrenta dificuldades para sair da recessão, com enormes dívidas e uma taxa de desemprego de 9,1%, considerada alta para o país.
Nesta semana foram registradas quedas em vários mercados em meio a uma crise de confiança sobre a resposta da zona do euro para a crise e a lentidão da recuperação das economias europeias e americana.
Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentou tranquilizar os mercados globais, dizendo que "as coisas vão melhorar".
Dívida dos EUA
Obama sancionou no começo da semana a lei que elevou o limite da dívida pública do país--atualmente em US$ 14,3 trilhões. Com a mudança, os EUA poderão honrar seus compromissos financeiros e evitar um potencialmente catastrófico calote pela maior economia do mundo. Mesmo assim, não foi suficiente para evitar o rebaixamento da S&P.
O Senado dos Estados Unidos tinha aprovado o projeto de lei na tarde de terça-feira (2).
A lei é resultado de um acordo entre parlamentares republicanos e democratas, após meses de intenso debate e às vésperas do fim do prazo para o calote --meia-noite de terça-feira.
O acordo permite elevar o teto da dívida pública norte-americana em pelo menos US$ 2,1 trilhões em três passos --sendo os primeiros US$ 400 bilhões imediatamente, seguidos de US$ 500 bilhões até fevereiro. Ele prevê, ainda, cortes de cerca de US$ 2,4 trilhões em 10 anos, que seriam aprovados pelo Congresso em duas etapas --um corte inicial de US$ 917 bilhões na aprovação do acordo e mais US$ 1,4 trilhão até o final do ano.
O impasse de meses bloqueou o sistema político dos Estados Unidos, alarmou seus aliados internacionais, sacudiu os mercados financeiros e prejudicou a imagem do país no exterior.
Negociação
Líderes de ambos os partidos trabalharam furiosamente para convencer suas bancadas sobre o acordo obtido com Obama no fim de semana com o objetivo de encerrar um impasse que abalou a fé dos norte-americanos em suas instituições políticas.
O plano exige cortes de gastos ao longo de 10 anos, mas sem a imposição de nenhum novo imposto, a criação de uma comissão parlamentar que recomendará, até o fim de novembro, um pacote mais específico de redução do déficit e eleva o limite de endividamento do país até 2013.
Obama e muitos parlamentares admitiram que o projeto acordado não era perfeito. Mas ressaltaram que ele era necessário para evitar um calote pelo governo.
"Foi um processo longo e confuso e, como todo compromisso, o resultado está longe de ser satisfatório", disse Obama em uma mensagem de vídeo transmitida a seus seguidores por sua campanha de reeleição. "Mas também lançou um importante debate sobre como lidar com os grandes desafios que enfrentamos."
Fonte: Uol
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