De São Paulo
10/08/2011
O Credit Suisse promoveu uma redução significativa da projeção para o crescimento da economia brasileira em 2011, destoando da maior parte do mercado. O banco diminuiu a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 de 3,8% para 2,9%, principalmente por conta de uma expectativa pior para a indústria, pelo lado da oferta, e para o investimento, pelo lado da demanda, no terceiro trimestre deste ano.
Em relatório divulgado ontem aos clientes, o Credit Suisse destaca que espera para o terceiro trimestre uma contração do PIB de 0,3% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. Para o segundo trimestre, a expectativa é de alta de 0,8% sobre o primeiro, na mesma base de comparação.
"Os períodos de significativa retração dos mercados financeiros e aumento da aversão ao risco nos últimos anos foram, na maior parte das vezes, acompanhados por deterioração da confiança dos empresários no país e diminuição do crescimento econômico", afirmam os economistas do banco.
No segundo trimestre, a produção industrial caiu 0,7% em relação ao primeiro e, tudo indica, o cenário permanece negativo para o setor no terceiro, dizem os analistas do Credit Suisse, ressaltando o impacto desfavorável do "aumento dos estoques em setores importantes e a provável redução da confiança dos empresários industriais em função da maior aversão a risco nos mercados". Os investimentos, nesse quadro, também devem ir mal.
"A incerteza sobre o desempenho da economia aumentou de forma significativa nas últimas semanas como resultado do desconhecimento sobre a abrangência e a magnitude da crise financeira e da não disponibilidade de indicadores antecedentes que incorporem os efeitos dos eventos das últimas semanas", diz o relatório do departamento econômico do banco, chefiado por Nilson Teixeira.
Para o quarto trimestre, o banco espera crescimento do PIB de 1,3% sobre o terceiro, mas ressalta que a expansão a partir dos últimos três meses do ano "tornou-se ainda mais incerto e muito dependente das condições de mercado que vigorarão nos próximos meses e da reação de política econômica, em particular, nos países desenvolvidos."
O relatório também enfatiza a piora nas projeções para o crescimento dos Estados Unidos feitos pelo time de analistas do Credit Suisse que acompanham a economia americana. A projeção para 2011 caiu de 2,5% para 1,6%, enquanto a de 2012 recuou de 3,1% para 2,1%.
Segundo o Credit Suisse, o que "mantém muito baixo o risco de recessão no país" é a força do setor de serviços. O banco espera um crescimento de 3,2% para o segmento em 2011, bem superior ao 1,2% projetado para a indústria.
A estimativa do banco para 2012 também destoa da maior parte do mercado: o Credit Suisse projeta avanço de 4% no ano que vem, "embutindo a expectativa de maior retomada da atividade nos trimestres imediatamente após a contração do terceiro trimestre deste ano" (SL)
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