07/08/2011

Crise da dívida desestabiliza os sistemas políticos da Europa e dos EUA

A crise da dívida dos Estados Unidos e da Europa junta-se ao rescaldo da Grande Recessão de 2008-2009 e desestabiliza os sistemas políticos europeus e americano. Na sequência da queda de braço entre o Congresso e a Casa Branca, revela-se o entrave das instituições políticas do país.

"Os eleitores podem ter escolhido um governo dividido (entre o Congresso e a Presidência), mas eles não votaram para ter um governo disfuncional", declarou o presidente Obama.

Hendrik Hertzberg, um dos editores da revista "The New Yorker", corrigiu o presidente, afirmando que o governo dividido não foi uma escolha dos eleitores, mas aparece como o resultado "de um sistema, único nos países democráticos, com múltiplas eleições superpostas realizadas em intervalos diferentes", em que diferentes eleitorados preenchem diferentes cargos políticos nos quais nenhum dos eleitos está incumbido da responsabilidade final. Para além dos problemas conjunturais, a reflexão dos editorialistas e dos cientistas políticos questiona o funcionamento do sistema decisório e da mais antiga Constituição democrática do mundo.

Na Europa, a crise já derrubou o governo trabalhista na Inglaterra, o governo socialista em Portugal, e ameaça o governo socialista espanhol e os governos conservadores da Itália e da França.

Na Espanha, o desgaste do governo Zapatero adiciona-se ao fatalismo do eleitorado socialista. Como em Portugal, boa parte da esquerda espanhola parece pensar que os planos recessivos e seu cortejo de despedimentos e de arrocho salarial devem ser assumidos por um futuro governo conservador, e não pelos socialistas.

Na Itália, a situação política é bem mais complicada. Apesar de toda a desmoralização que atinge o governo Berlusconi, não existe uma oposição organizada. Salvo uma improvável demissão voluntária de Berlusconi, a crise política e econômica do país continuará se arrastando  até 2013, data das próximas eleições legislativas.  

Na França, o quadro político tem outros condicionantes. Dado nas sondagens como derrotado por qualquer dos dois candidatos socialistas, tanto Martine Aubry como François Hollande, nas presidenciais do próximo ano, o presidente Sarkozy contava virar o jogo a partir de um argumento frequentemente usado na França : nos momentos de turbulência não se deve mudar o capitão do navio.

Acontece que a turbulência passou dos limites habituais e virou tempestade. Sarkozy não conseguiu obter de Angela Merkel o apoio da Bundesbank, o Banco Central da Alemanha, ao resgate das dívidas espanhola e italiana, agravando a crise do euro e derrubando as bolsas do mundo inteiro.  Neste quadro recessivo, as taxas de desemprego podem voltar a crescer na França, como no resto da Europa, enterrando definitivamente as esperanças eleitorais do presidente Sarkozy.

Fonte: Uol

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