07/08/2011

Sem os EUA, clube do 'triple A' tem apenas 16 membros

Com o fim da unanimidade das agências em relação ao "triple A" para os EUA, o grupo agora conta com apenas 16 países aprovados por todas elas. São eles: Austrália, Canadá, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Noruega, Cingapura, Suécia, Suíça, Áustria, Finlândia, França, Reino Unido, Liechtenstein, Luxemburgo e Nova Zelândia.

Os EUA sempre foram considerados o lugar para onde os investidores recorriam em tempos de crise. Seus títulos da dívida ostentavam a classificação máxima chamada de "triple A". Essa nota significa que os ativos contam com grau de confiança máxima do mercado financeiro, uma espécie de garantia de pagamento para quem empresta.

Como a taxa básica de juros dos EUA está em patamar muito baixo, o título é um investimento que rende pouco. Seu atrativo está na segurança, já que os americanos nunca deixaram de pagar seus compromissos.

FUTURO

Não se sabe qual será o comportamento dos mercados a partir de agora. Na próxima segunda-feira, no primeiro pregão após a notícia, haverá a repercussão do rebaixamento. Nesta semana, as Bolsas em todo o mundo, com destaque para a brasileira, sofreram um duro golpe.

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) terminou a sexta-feira em alta, mas fechou a semana com a pior desvalorização desde novembro de 2008, de 10%. No ano, já acumula queda de 23,6%. As Bolsas do mercado acionário americano encerraram sua pior semana em mais de dois anos. Nos EUA, o Dow Jones recuou 5,8%, e o S&P 500 cedeu 7,2%, acumulando perdas de 12% em relação a sua máxima atingida em 29 de abril. O indicador Nasdaq teve desvalorização de 8,1% na semana.

A primeira matéria sobre o rebaixamento publicada no site do influente jornal de economia "Financial Times" diz, destacando a declaração de um executivo de banco, que a decisão da S&P não deve resultar em aumento dos juros cobrados dos EUA para captar dinheiro. Isso significa que os americanos não pagarão mais caro para tomar dinheiro emprestado.

Para Jack Ablin, chefe de investimentos do Harris Bank, o especialista consultado pelo FT, haverá "pouco impacto nos mercados no curto prazo".

A agência de classificação de risco S&P rebaixou a nota da dívida americana para AA+ devido às divergências políticas que evidenciaram, conforme o relatório divulgado pela agência, a dificuldade que os EUA têm para combater seu crescente endividamento público. Outras agências importantes de rating, como a Moody's e a Fitch, decidiram não fazer o mesmo.

O deficit anual consecutivo, incrementado pelos dois conflitos armados que o país se envolveu ao mesmo tempo, aumentou consideravelmente a dívida.

MOTIVO PRINCIPAL

O que pesou para o rebaixamento dos títulos foi a demora para o aumento do limite de endividamento americano. Apesar de os EUA terem conseguido evitar o calote na última terça-feira, com a promulgação no último momento do plano de cortes de gastos e aumento do teto da dívida, tal medida não foi o suficiente para dissipar o receio de uma futura disputa política sobre o mesmo assunto.

O projeto elevou o teto da dívida em US$ 900 bilhões, dos atuais US$ 14,3 trilhões para US$ 15,2 trilhões. Era uma exigência dos republicanos, maioria na Câmara dos Deputados, que cada dólar da elevação do teto fosse compensado com cortes de gastos.

Desse dinheiro, US$ 400 bilhões podem ser emprestados imediatamente --o que garantiria os ameaçados benefícios sociais e empresas que prestam serviços para o governo. Outros US$ 500 bilhões serão liberados até fevereiro.

Outro US$ 1,2 trilhão em novos cortes deve ser proposto por um comitê bipartidário até o Dia de Ação de Graças, em novembro deste ano.

Fonte: Folha.com

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