11/08/2011

Analistas acham que emergentes vão começar a cortar juros

GENEBRA - As turbulências nos mercados globais reforçam o cenário de crescente aperto nas políticas fiscais e sinalização de politicas monetárias bem mais relaxadas. Analistas na Europa acham que as turbulências dos últimos dias têm sido de tal dimensão que economias emergentes vão relaxar na luta contra a inflação. Para eles, onde hoje se vê ciclos de aperto monetário, devem ocorrer os próximos movimentos de redução de juros, começando por Índia, Brasil ou Chile.

Na Ásia, uma das razões que levaram a região a se recuperar mais rapidamente foi a onda de programas de estímulos. Somente a China teve um pacote de US$ 586 bilhões em 2008. Como resultado, Vietnã, Malásia, Filipinas, Taiwan e mesmo a Índia viram seus limites de dívidas crescer bastante desde a última crise. O poder de fogo fiscal para apoiar o crescimento é menor.

Analistas notam, no entanto, que bancos centrais na Ásia vêm aumentando os juros já há um bom tempo. Embora seus juros ainda estejam abaixo dos níveis anteriores à crise de 2008, eles têm muito espaço para reduzir as taxas no caso de nova onda global de desaceleração econômica. Um alívio momentâneo nos mercados foi o resultado da balança comercial chinesa, que atenuou os temores de que a segunda maior economia do mundo já teria sido atingida pela desaceleração global.

Os dados confirmam, até o momento, que a China evitou uma "aterrissagem forçada" de sua economia. Mas analistas notam que o tamanho do superávit chinês em julho, o maior em dois anos, mostra que não se pode esperar de Pequim que apoie o crescimento em todas as regiões.

A decisão do Federal Reserve, de manter os juros próximos de zero, não deve ter resultado na recuperação americana, porque a economia nos EUA não está enfraquecendo por conta de juros altos, nota Philip Marey, do Rabobank. Para ele, a decisão é boa noticia para carry trade, que usa o dólar americano como moeda de funding e "o real é uma das moedas alvos dessas operações".

Analistas do Barclays Capital começaram a sugerir mudança na alocação de ativos, levando em conta as turbulências. Basicamente, é reduzir a exposição de risco em ações, juros e crédito na Europa, e compensar com mais exposição nos EUA, Japão e emergentes selecionados.

(Assis Moreira | Valor)

Fonte: Uol

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