22/09/2011

Bancos europeus em busca de capitalização na Ásia

Por Alison Tudor | Wall Street Journal, de Hong Kong

Bancos europeus estão varrendo a Ásia na tentativa de tomar emprestado de indivíduos e empresas bem capitalizados, numa corrida para substituir fontes de recursos que estão se tornando mais difíceis e caros de obter. Eles estão obtendo algum sucesso na empreitada, dizem pessoas a par dos esforços, mas não estão captando o suficiente para compensar a diferença, o que cria problemas para financiarem ativos. "A ordem agora é ir e encontrar dinheiro, e o máximo possível", disse um alto executivo de um banco italiano em Hong Kong. Ele teve algum sucesso vendendo commercial papers para uma instituição financeira japonesa, mas precisa vender mais.

No Société Générale, executivos dizem que têm captado depósitos de clientes empresariais antigos na região, especialmente de firmas de energia e outros recursos naturais. "Embora já estejamos atraindo depósitos de empresas, estamos renovando os esforços para atrair mais", disse Ashley Wilkins, vice-diretora-presidente de banco comercial e de investimentos para a Ásia e Oceania.

Há muito que os bancos europeus têm poucos depósitos em relação ao total de ativos e têm de compensar a diferença com empréstimos de curto prazo, principalmente com a venda de notas para fundos americanos de mercado monetário. Esses fundos, sob pressão de investidores preocupados com a crise de dívida soberana da Europa, já reduziram suas aplicações em dívidas de bancos europeus em 20% desde o segundo trimestre.

Alguns bancos, como o holandês Rabobank Groep NV, informaram que estão ficando mais cautelosos na concessão de empréstimos para bancos rivais. Alguns bancos estão apelando para o Banco Central Europeu para obter financiamentos e pagando juros mais altos. Os credores dos bancos só estão dispostos a fazer empréstimos de curto prazo.

Para os investidores asiáticos, o apelo é o rendimento, superior a 15% para os títulos de alguns bancos. O diretor de investimento de um private bank multinacional na Ásia está recomendando aos clientes que comprem dívidas híbridas, como títulos perpétuos ou sem data de vencimento emitidos pelo SocGen e o Crédit Agricole.

"A maioria dos investidores asiáticos está adotando a visão de que o euro vai sobreviver e vendo a crise como uma oportunidade de compra", disse Ted Lord, diretor de obrigações garantidas da Barclays Capital, que ajudou recentemente o Crédit Agricole a emitir 1,25 bilhão de euros (US$ 1,7 bilhão) em obrigações garantidas que atraíram interesse significativo. Os bancos europeus que têm tido dificuldade para emitir dívidas não garantidas têm corrido para emitir obrigações garantidas ou "covered bonds" - dívidas garantidas por ativos bancários como hipotecas.

Se os bancos europeus não conseguirem levantar capital para financiar seus ativos, podem ser obrigados a vendê-los. O BNP Paribas anunciou na semana passada que vai vender ativos. Executivos de dois bancos europeus disseram que estão negociando com bancos da Ásia e Oceania para lhes vender pacotes de empréstimos que eliminariam de seu balanço ativos arriscados. Os banqueiros de uma mesa de empréstimos disseram que bancos franceses tentaram vender ativos, mas pediam preços no valor nominal da dívida. Se os compradores não estiverem dispostos a pagá-los, os bancos terão que vender mais barato ou ficar com os ativos enfrentar seus próprios problemas de financiamento.

 

 

 

Nenhum comentário: