28/09/2011

Ações de boas pagadoras de dividendos: somente uma moda?

Por João Paulo dos Reis

Recentemente, li diversos textos sobre dividendos como a solução milagrosa para uma bolsa de valores em baixa. E qual a razão disso?

Lembrando: o dividendo é a parcela de lucro que as empresas distribuem periodicamente aos acionistas como parte da remuneração advinda do investimento em ações. Ou seja, as empresas pagam a cada um de seus acionistas um lucro por ação, que, multiplicado ao número de ações possuídas, gerará a quantidade a ser distribuída em dinheiro vivo direto para a conta do investidor isento de imposto de renda!

Desculpem-me o tom professoral, mas a maioria das pessoas tem dificuldades em entender como é possível ganhar dinheiro sem esforço - e penso ser importante reiterar esses conceitos básicos.

Mas aí esta a explicação para os mais incrédulos: nada mais justo que seu dinheiro seja remunerado ao ser investido numa empresa! É o mesmo anseio que temos ao aplicar na conservadora poupança ou vivermos do aluguel de um imóvel.

Dando sequência, outra importante vantagem dos dividendos é a possibilidade de ter uma renda periódica em dinheiro, que muitas vezes complementa a renda tradicional (salários, aluguéis, aposentadoria etc), sem a necessidade da venda de uma única ação. E, além disso, esse dinheiro advindo do pagamento dos dividendos gera uma opção interessante para o investidor:

Se você é um investidor que deseja constituir um patrimônio para que no futuro possa auferir um complemento da sua renda tradicional, basta ir reaplicando os dividendos distribuídos na compra de novas ações e, assim, quando ocorrer a nova distribuição, "milagrosamente" terá uma quantidade maior de dinheiro a ser recebido - e assim sucessivamente.

De outra forma, se você é um investidor que já possui um patrimônio constituído durante uma vida, a aquisição de ações de empresas pagadoras de dividendos gerará uma renda periódica que, dependendo das condições de mercado, pode lhe render algo similar a nossa querida poupança, associada a uma valorização do aplicado inicialmente.

Mas e o risco? Todo investimento feito denota um risco condicionado ao binômio risco X rentabilidade. Quanto maior o risco maior a rentabilidade - e vice e versa. A título de exemplo, há risco quando compramos um imóvel na planta esperando uma valorização após a entrega das chaves. Também há um risco quando esse mesmo imóvel é alugado.

Há variáveis importantes nesse tipo de investimento como: o atraso na entrega do imóvel, uma super oferta que acabe por frustrar a esperada valorização e, noutra situação, a inadimplência do inquilino ou mesmo a vacância do imóvel pelo alto preço cobrado pelo aluguel.

Na mesma forma, há riscos na compra de uma ação para a obtenção de renda por meio de dividendos. Contudo, para que tudo isso seja verdade, pressupõe-se que a empresa mantenha lucros crescentes e "pay out" (porcentual do lucro distribuído) constante - no Brasil, o "pay out" mínimo obrigatório é de 25% do lucro líquido.

Voltando a questão: o dividendo virou moda? Penso que, com o desenvolvimento da nossa economia e, principalmente, pelo interesse das pessoas em obter mais poupança, a renda por meio dos dividendos está cada vez mais presente nos anseios das pessoas como um investimento completo.

Ter num mesmo investimento a capacidade de gerar renda periódica isenta de IR, ao mesmo tempo em que há uma atualização do dinheiro aplicado inicialmente, mostra-se uma alternativa inteligente.

Já no investimento em renda fixa ou poupança, o dinheiro aplicado inicialmente permanecerá estático, caso optemos por retirar os juros, o que trará problemas futuros.

Não há dúvidas que, em momentos de turbulência no mercado de bolsa de valores, aqueles que possuem ações se sintam mais desconfortáveis que aqueles que investem na poupança ou em imóveis, mas nada como uma próxima distribuição de dividendos para remediar e até estimular a ida às compras, num período de descontos das ações. Afinal, curiosamente o mercado de ações entra em liquidação e pouca gente se interessa.

E para aqueles que se sentirem mais angustiados no momento de turbulência, é recomendável lembrar: numa baixa nos preços dos imóveis ninguém liga de hora em hora para seu corretor para saber quanto caiu o valor do imóvel.

João Paulo Nouailhetas Gomes dos Reis é sócio e gestor da Venture Investimentos

 

 

 

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