Por dentro do mercado |
Autor(es): Eduardo Campos |
Valor Econômico - 30/09/2011 |
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Os contratos fecham apontando para cima, mas sem exageros, dando continuidade a um movimento de recomposição de prêmios depois da forte queda da segunda-feira. A percepção que parece ter sido reforçada pelo documento é de que o ritmo de corte da Selic não deve ser acelerado, conforme aventado no começo da semana. O passo de meio ponto parece de bom tamanho. Conforme notou o vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB, Ures Folchini, o mercado parece começar a rever quanto espaço o BC realmente tem para fazer cortes na Selic. Isso decorre do fato de as projeções de inflação apresentadas apontarem para um lado (12% seria piso de Selic para entregar inflação próxima de 4,5%), enquanto o discurso da autoridade monetária segue para outro (degradação da cena externa, arrefecimento da demanda doméstica e entrega das metas fiscais cheias permitem ajustes moderados da Selic). Antes, nota Folchini, o mercado parecia mais impregnado da percepção de que a Selic vinha para baixo a qualquer custo. Agora, parece surgir a ideia de que o BC não vai conseguir cortar a taxa básica de juros tanto quanto gostaria. Para o tesoureiro, o BC vendeu o cenário dele de forma bastante honesta e coerente. O problema é que uma das premissas continua aberta. Mesmo sem grande detalhamento numérico, a hipótese de trabalho do BC é de que a piora externa vai contribuir para a convergência da inflação. Mas o ponto obscuro continua sendo o mesmo: o que aconteceria na hipótese contrária? "Será que vai existir esse cenário tão adverso no mercado externo com força para derrubar atividade e inflação na magnitude que o BC está prevendo?", questiona Folchini. Se o tempo mostrar que sim, o BC entra para história como gênio, visionário. Se os fatos o atropelarem teremos um grande passo atrás em termos de confiança na autoridade monetária. "O grande risco ainda é a credibilidade", diz o especialista. O melhor termômetro para nos dizer como está o grau de acerto do colegiado do BC seria exatamente a curva de juros. Quanto maiores os prêmios, principalmente nos contratos de prazo mais longo, menos confiante estaria o mercado na capacidade do colegiado da autoridade monetária em cumprir como seu mandato de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda. Por ora, no entanto, esse "termômetro" pode não estar muito bem calibrado. Já que não está claro quantos investidores que lá operam estão "convencidos" de que o BC está certo e quantos estão "conformados" com esse plano de voo. É bom notar, também, que o mercado nem sempre emite os sinais corretos, como bem disse um operador certa vez: o mercado existe para se ganhar dinheiro. Não estou aqui para estar certo ou errado. Passando para o câmbio, os compradores seguem rápidos no gatilho. Ao primeiro sinal de azedume no quadro externo saem disparando suas ordens. Esse foi o quadro ontem, quando o dólar saiu da baixa para alta de cerca de 1% em questão de poucos minutos. No fim do dia, conforme o ânimo externo voltou a melhorar, as compras recuaram, mas não foram desfeitas. Ilustrando bem o caso, um operador diz que o dólar "sobe de elevador e desce de escada". Depois de bater R$ 1,857, o dólar comercial terminou o dia com alta de 0,38% a R$ 1,844. No mês, o ganho acumulado é de 15,76%, maior arrancada mensal desde setembro de 2008. No terceiro trimestre a valorização é de 18,05%. E no ano o aumento de preço fica em 10,7%. Eduardo Campos é repórter |
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