30/09/2011

CVM nega acordo para venda anterior ao derivativo

 

Autor(es): Por Graziella Valenti | De São Paulo

Valor Econômico - 30/09/2011

 

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) rejeitou a proposta de termo de compromisso apresentada por quatro de um total de onze acusados de terem vendido ações da Sadia antes do anúncio da empresa a respeito das perdas com derivativos, em setembro de 2008.

Os proponentes foram Daniel Antunes de Azevedo, então gerente de tesouraria da Sadia, Hugo Saito, na época funcionário da corretora Concórdia e diretor de investimentos da fundação Attilio Francisco Xavier Fontana, e também os clubes de investimento Family Trust e Primoinvests, de pessoas ligadas à empresa e ex-administradores. Saito também era administrador de ambos os clubes.

Com exceção de Saito, que ofereceu o pagamento de R$ 40 mil, todos se propuseram a pagar valores equivalentes aos prejuízos que evitaram com a venda dos papéis antes que o mercado conhecesse as perdas da companhia.

O Comitê de Termo de Compromisso recomendou a não celebração do acordo por entender que a iniciativa não seria "conveniente nem oportuna", por apresentar particularidades que aparentam demandar pronunciamento norteador pelo colegiado - em especial para funcionários de empresas abertas, clubes de investimentos e seus administradores e gestores. Em reunião no dia 6, o colegiado acatou a sugestão.

Segundo a apuração da CVM, os gerentes de tesouraria e financeiro da Sadia foram alertados, por e-mail, pelo gerente de risco sobre o desenquadramento cambial da Sadia em 19 de agosto.

A companhia só comunicou ao mercado as perdas com derivativos em 25 de setembro, 22 dias depois de o diretor financeiro estar ciente do problema, tentando solucioná-lo junto com um grupo de pessoas. Quando anunciou suas perdas, a empresa estimava em R$ 760 milhões o prejuízo. No total, a empresa perdeu R$ 2,55 bilhões com o episódio, que custou a sobrevivência do negócio, adquirido pela Perdigão para a formação da BRF- Brasil Foods.

A área técnica da CVM detectou a suspeita de uso de informação privilegiada em negócios realizados com as ações da Sadia entre 12 e 25 de setembro de 2008.

Azevedo vendeu toda sua posição na empresa em 17 de setembro, evitando a perda de R$ 2,1 mil. Já Saito vendeu todos os papéis dos clubes de investimento e mais dois outros investidores nos dias 18 e 23 daquele mês, evitando, no total, prejuízos de R$ 72,2 mil.

Segundo a CVM, Azevedo admitiu ter obtido internamente informações dos problemas com a Sadia. Já Saito, além de conhecer acionistas e administradores, participava da gestão de carteiras de dois investidores que disseram ter ciência da situação e conversado a respeito com ele.

 

 

 

 

Nenhum comentário: