Por Ana Paula Ragazzi e Ana Luísa Westphalen | De São Paulo
Duas companhias têm tradição em anunciar recompras no mercado e, de fato, realizá-las - Vale e Itaú Unibanco.
Geraldo Soares, superintendente de relações com investidores do Itaú Unibanco, conta que, em 20 anos de recompras, 20% das ações do banco foram canceladas. "Quem tem a ação desde então possui hoje uma fatia maior do banco, sem ter feito nenhuma operação", diz.
Soares conta que o programa do Itaú Unibanco sempre está aberto. "Em alguns anos, não compramos nada. Em outros, bastante. Depende das cotações, mas renovamos anualmente."
O banco divulga mensalmente um balanço dessas operações, em que informa os volumes comprados e os preços.
Neste ano, até meados de setembro, comprou 41 milhões de ações preferenciais, em operações que somaram cerca de R$ 1 bilhão. A ação do Itaú Unibanco, em meio à crise de agosto, era o papel do setor bancário que mais havia recuado neste ano.
"O mercado entende que a recompra é também uma defesa para o minoritário. O programa está aberto também para que possamos aproveitar oportunidades, inclusive, para atender ao programa de remuneração dos executivos em ações", conta.
Há cinco anos o Itaú Unibanco possui regras internas que ditam as operações de sua tesouraria para realizar essas aquisições.
"Nós temos as nossas normas próprias, até mesmo para ter a certeza de que não iremos influenciar ou manipular o preço das ações. Nunca fazemos o primeiro negócio ou formamos preço do papel, por exemplo", diz.
A própria divulgação mensal das operações é um diferencial do Itaú, uma vez que as empresas têm obrigação de fazê-lo trimestralmente. Na avaliação de Soares, como o programa do Itaú é permanente, o efeito psicológico da recompra já foi diluído.
"Hoje, na verdade, o mercado dá menos atenção para o anúncio e mais para o acompanhamento se a empresa está, de fato, realizando a recompra", diz Soares. "Ter o programa aberto não significa muita coisa."
Por e-mail, a Vale informou que tem como política retornar aos acionistas a geração de caixa que excede o necessário para financiar seus investimentos, tendo em vista sua posição confortável de balanço, com uma dívida total inferior ao fluxo de caixa operacional dos últimos 12 meses e um caixa significativo.
Em 2010, a empresa distribuiu US$ 3 bilhões em dividendos e realizou recompra de US$ 2 bilhões. Neste ano, o programa anunciado é de US$ 3 bilhões e se encerra em 25 de novembro. Até o momento, o conselho já aprovou a distribuição de dividendos de US$ 8 bilhões.
A decisão de recomprar ações, informa a empresa, é guiada pelo objetivo de otimizar a alocação de capital.
"Os recursos que não forem destinados ao financiamento de investimentos da companhia estão sendo devolvidos aos acionistas para que possam decidir a respeito de sua melhor destinação."
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