26/09/2011

Eike explora o ouro da Colômbia

Por Paulo Vasconcellos | Para o Valor, do Rio

O empresário Eike Batista: compra da maior mina de ouro da América do Sul

O empresário brasileiro Eike Batista foi com sede ao pote na corrida do ouro na Colômbia. No começo do ano, o grupo EBX assumiu por meio da subsidiária AUX o controle da canadense Ventana Gold, que detém os direitos de exploração de duas concessões de ouro e prata no país, por valores que, segundo o mercado, chegariam a US$ 1,5 bilhão. Só uma delas, La Bodega, a 400 quilômetros da capital, Bogotá, reúne várias minas com reservas estimadas em 3,5 milhões de onças de ouro, 19,2 milhões de onças de prata e 84,9 milhões de libras de cobre. No pacote da Ventana Gold, a AUX comprou também o projeto Califórnia Vetas, ainda sem estimativa de reservas.

"Trata-se da maior mina de ouro da América do Sul. Mais uma vez compramos ativos de baixo custo e padrão mundial", comemora o empresário em sua página na internet no endereço www.eikebatista.com.br. A empresa, no entanto, não quis se manifestar sobre o assunto.

A expectativa com o ciclo do ouro na Colômbia é que ele eleve as reservas do país em cerca de US$ 40 bilhões nos próximos anos. Só na mina La Colosa, da multinacional Anglo Gold Ashanti, as reservas são estimadas em 12 milhões de onça de ouro. A GreyStar explora a mina de Santurbán, com reservas estimadas superiores a 10 milhões de onças de ouro.

As empresas de Eike Batista já desenvolvem o projeto de produção de carvão em El Cerrejón, no distrito de La Guajira, com as minas Papayal, Cañaveral e San Benito. A expectativa é produzir por ano até 35 milhões de toneladas. O projeto inclui a construção de um porto e de um trem com previsão de investimento superior a US$ 2 bilhões.

A aquisição da Ventana Gold marca um retorno de Eike Batista às origens, depois de mirar em setores tão diversos como o petróleo e a gastronomia. O empresário deu os primeiros passos para a construção do seu império, avaliado em cerca de US$ 30 bilhões, como intermediário na venda de ouro e diamantes de garimpeiros da Amazônia na década de 1980.

A nova aposta em ouro parecia evidente desde que, no ano passado, Eike Batista criou a AUX, a sexta subsidiária do grupo que reunia empresas nos segmentos de mineração (MMX), logística (LLX), energia (MPX), petróleo e gás (OGX) e construção naval e offshore (OSX). A nova empresa foi batizada com o símbolo químico do metal, acrescido da marca do empresário: o "X", emblema multiplicador como ele gosta de destacar.

O grupo de Eike Batista detinha 20% do controle acionário da Ventana Gold, por meio da 63X Master Fund, empresa indiretamente controlada por ele. Com sede em Vancouver, no Canadá, a Ventana Gold tem ativos na Colômbia que somam 4.590 hectares.

A aquisição da empresa canadense pela AUX foi feita em um momento em que o preço do ouro vinha registrando fortes altas. Tradicionalmente, o metal é procurado como uma proteção por investidores em situações de crise. Desde o fim de 2008, quando foi deflagrada a crise financeira internacional, o preço do metal tem superado a rentabilidade de todos os outros investimentos. Em outubro do ano passado, um mês antes do início da negociação para a compra da totalidade das ações da Ventana Gold, em que a AUX fez uma primeira oferta de 12,63 dólares canadenses por ação em circulação da mineradora, o ganho foi de 8,7%. Em fevereiro, o conselho da Ventana Gold aprovou uma oferta melhorada da AUX que chegara a 13,06 dólares canadenses por ação.

 

 

 

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