28/09/2011

Negócios de 'private equity' secam em meio à crise

Por Daniel Schäfer e Robin Wigglesworth | Financial Times, de Londres

A crise da dívida soberana da Europa se agravou e secou o mercado de negócios de private equity. Nas últimas semanas, vários transações foram interrompidas ou adiadas. Os negociadores de private equity afirmam que o mercado se deteriorou rapidamente, uma vez que os bancos estão transferindo menos dívida a termos mais caros, enquanto as expectativas de preço dos vendedores se recusam a diminuir.

Christiian Marriott, diretor do Barclays Private Equity, o grupo de aquisições alavancadas do Reino Unido, diz que o setor, que está reunido na conferência Capital Criation em Mônaco, se prepara para uma desaceleração. "Embora o tempo esteja ensolarado [em Mônaco], o clima não está. Muita gente está questionando quantos processos serão levados a cabo até o fim do ano. Os grupos de private equity sentem-se bem menos confiantes em prosseguir com os leilões", disse ele.

A desaceleração acontece depois do valor das aquisições europeias ter se mantido quase estagnado em € 41,5 bilhões (US$ 56,6 bilhões) nos primeiros três trimestres do ano, em comparação a 2010, segundo dados do Centre for Management Buyout Research do Imperial College de Londres.

No terceiro trimestre, o volume de negócios de private equity na Europa caiu para € 12 bilhões, ante € 15,3 bilhões no segundo trimestre. O grupo britânico de buy-out Permira recentemente desistiu da venda da All3Media, uma produtora de programas e séries de TV, depois que os licitantes não atingiram a expectativa de preço de 770 milhões de libras (US$ 1,2 bilhão).

O grupo varejista francês PPR adiou a venda de sua operação por catálogo Redcats, enquanto a Schneider Electric adiou a venda, por US$ 1,4 bilhão, de sua unidade americana Custom Sensors & Technologies. Ambas haviam despertado interesse de firmas de private equity.

Gestores e banqueiros de private equity disseram que mais leilões deverão ser cancelados e outros considerados para o segundo semestre - como o do PHS Group, a companhia britânica de serviços de limpeza de banheiros públicos controlada pela Charterhouse Capital Partners - provavelmente não ocorrerão este ano.

"Este será um ano de duas partes - vimos uma recuperação razoável do mercado de buy-out, mas o que aconteceu no verão e o que está acontecendo agora vai moderar isso", diz Marriott. Gestores de private equity afirmam que negócios avaliados em mais de € 1 bilhão ficarão mais escassos nos próximos meses, enquanto os negócios menores ainda serão concluídos.

Ontem, a Värde Partners dos Estados Unidos concordou em comprar a fornecedora especializada de cartões de crédito SAV Credit por 472 milhões de libras, que pertencia a três grupos de private equity.

 

 

 

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