05/09/2011

Saída da pessoa física da bolsa sobe para R$ 5,235 bi no ano

Por Luciana Monteiro e Beatriz Cuitait | De São Paulo

A forte queda do mercado acionário brasileiro em agosto - com desvalorização de 3,96% do Índice Bovespa - teve contribuição de quase todas as modalidades de investidores. Não fossem as recompras de ações realizadas pelas empresas, entretanto, o desempenho do indicador no mês possivelmente seria muito pior. Com as retiradas verificadas em agosto, a pessoa física segue liderando os saques da bolsa no ano.

No mês passado, o que se viu foi que o maior movimento de venda de ações foi realizado pelos investidores institucionais - fundos de pensão e seguradoras -, que fecharam agosto com retiradas líquidas de R$ 1,497 bilhão. Com isso, o saldo (compras menos vendas) desses aplicadores na bolsa ficou negativo no acumulado do ano em R$ 2,950 bilhões até o dia 31.

Nem mesmo a elevação da perspectiva da nota soberana do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, de estável para positiva, foi forte o suficiente para atrair os aplicadores. A ação representa o primeiro passo antes de uma elevação no rating.

 

Os pequenos investidores não se mostraram dispostos a dar um voto de confiança para o mercado acionário. Depois da crise de 2008, que fez o Índice Bovespa encerrar aquele ano com queda de 41,22%, as pessoas físicas parecem ter decidido sair da bolsa antes que o pior aconteça. Em agosto, esse público tirou R$ 627,751 milhões, elevando para R$ 5,235 bilhões as saídas no acumulado no ano.

Nem mesmo os aplicadores internacionais fecharam o mês com saldo positivo na bolsa. Os números mostram que o estrangeiro registrou retirada líquida de R$ 399,314 milhões em agosto, diante de compras no valor de R$ 64,693 bilhões e vendas de R$ 65,092 bilhões.

O fluxo negativo dos investidores internacionais poderia ter sido maior não fosse a atuação do investidor externo no último dia do mês. Na quarta-feira, antes da surpreendente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) - que reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 12,50% para 12% ao ano -, o estrangeiro mostrou injeção líquida de R$ 551,1 milhões. Vale lembrar que o Ibovespa havia avançado 2% naquele dia, para 56.495 pontos. No acumulado do ano, os estrangeiros acumulam saldo líquido negativo em R$ 110,465 milhões até dia 31.

O destaque em agosto como os grandes compradores de ações foram as empresas. A forte volatilidade registrada pelo Ibovespa no mês - que chegou a acumular queda de 17,26% no dia 8 - trouxe oportunidades de compra para as companhias, que aproveitaram o momento para adquirir ações próprias no mercado de forma mais barata. Diante das quedas expressivas das ações, muitas empresas anunciaram programas de recompras de papéis como Telesp, Localiza, Cosan, ALL e Gol.

Dados da BM&FBovespa mostram que, em agosto, o saldo líquido das empresas fechou positivo em R$ 2,320 bilhões. Só para se ter ideia, as companhias já compraram R$ 6,822 bilhões no acumulado do ano até o dia 31.

Recomprar ações é uma ótima estratégia para a companhia, que mostra ao mercado que ela está com suas finanças em ordem, dizem os economistas. É se a própria empresa está disposta a investir em si mesma, é porque confia que vai ter uma rentabilidade maior do que com outros tipos de aplicações.

No mercado futuro, o investidor internacional também reduziu de forma representativa sua aposta contra a bolsa brasileira no dia 31. A posição vendida - operações que buscam lucrar com a queda - em Ibovespa futuro somou 68.434 contratos no período, menor valor desde o dia 2 de maio (67.657) e inferior em 12.435 contratos em relação ao registrado no dia 30.

Os dados relativos à participação dos investidores na bolsa costumam ser divulgados com dois dias de atraso. A movimentação realizada na quinta-feira, dia 1º, após o corte da taxa básica de juros, só poderá ser observada, portanto, nos números de hoje.

 

 

 

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