SÃO PAULO – A forte queda do Ibovespa nesta quinta-feira (4) - com variação negativa de 5,72%, o índice bateu sua mínima desde 17 de julho de 2009 - pode ter sido reflexo do pessimismo dos investidores em relação à verdadeira situação dos Estados Unidos e também dos países da Zona do Euro, com os problemas de âmbito fiscal dessas economias ficando cada vez mais perceptíveis, o que acaba diminuindo o otimismo dos investidores em manterem posições em mercados de alto risco, como a bolsa.
"O mercado está muito pessimista", disse Luis Otávio de Souza Leal, economista do Banco ABC Brasil, taxativo sobre o assunto. "As intervenções do Banco Central japonês e a continuidade do programa de compra de ativos pelo Banco Central europeu mostraram um aumento nas chances de recessão nas economias centrais", afirma o economista.
Para Leal, isso tem gerado uma onda de reprecificação dos ativos dentro das bolsas de todo o planeta, deixando evidente que essa queda brusca não foi exclusividade do Ibovespa. Na Argentina, o Merval, principal índice de ações da bolsa local, recuou 6,01%. Já dentre os desenvolvidos, as bolsas europeias chegaram a seu quinto dia seguido de queda, enquanto nos EUA o Dow Jones teve sua maior queda diária desde dezembro de 2008.
Crise nos EUA preocupou
Já André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, lembra da forte crise política vivida nos Estados Unidos essa semana por conta do impasse sobre a elevação do teto da dívida. "A elevação do teto da dívida teve um custo severo e os EUA estão sem incentivos fiscais", afirmou Perfeito.
Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, destacou ainda que a "radicalização do processo" de elevação do teto da dívida, que sempre foi muito simples, acabou assuntando os investidores. Nesse cenário, a bolsa brasileira acaba sofrendo bastante, tendo em vista sua forte relação com o setor externo.
Exposição ao setor externo prejudica bolsa
Além disso, boa parte da liquidez da bolsa brasileira está concentrada em empresas com forte exposição internacional, lembram os especialistas. "As ações mais importantes aqui, como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5) dependem muito da economia externa", afirma Perfeito.
"Nossos papéis estão muito concentrados em empresas que sofrem com essa chance de recessão", lembra Leal, chamando a atenção também para o conjunto da bolsa. "Somos muito concentrados em commodities, bancos, que sofrem com as medidas do Banco Central, e em consumo, que podem ser atingidas por uma recessão no crédito.", completa o economista do ABC Brasil.
Leite concorda com Perfeito e Leal, mas lembra que a situação é natural de crises. "A exposição da bolsa brasileira ao setor externo é muito grande. E quando a coisa aperta, eles tiram daqui", afirma o professor, lembrando sua crença de que que os próximos dois anos serão marcados por incertezas no mercado.
Fonte: InfoMoney
Nenhum comentário:
Postar um comentário