18/08/2011

Merkel e Sarkozy pedem suspensão de fundo a quem não reduz deficit

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, levantaram em carta dirigida nesta quarta-feira ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a possibilidade de suspender fundos estruturais aos países que não reduzirem o deficit.

Segundo informações do jornal espanhol "El País", a Alemanha e a França deixaram claro na carta que, no futuro, todos os pagamentos procedentes de tais fundos e de coesão poderão ser suspensos, caso o país que os recebeu não tenha cumprido as recomendações da UE (União Europeia) para seu endividamento. Além disso, tais nações devem apresentar um plano para reduzir sua dívida.

"Os fundos estruturais e de coesão devem servir para apoiar as reformas indispensáveis para a melhora do crescimento econômico e a competitividade na zona euro", afirmaram. "Devem apontar para a melhoria da competitividade e a redução dos desequilíbrios nos Estados membros aos quais estão dirigidas as recomendações no marco do procedimento relativo aos desequilíbrios excessivos".

Com o documento, França e Alemanha buscam aprofundar as medidas aprovadas ontem em relação a uma futura integração econômica na zona do euro

Os dois governantes disseram que "nos países sob programa, a Comissão deverá proceder automaticamente a um controle para supervisionar que os fundos estruturais e de coesão respaldem o programa de ajuste macroeconômico" e "também deveria participar na seleção e aplicação dos projetos".

MEDIDAS CONTRA CRISE

Após horas de reunião, França e Alemanha propuseram na terça-feira a criação do primeiro "verdadeiro governo econômico europeu", liderado por uma única pessoa nomeada, com objetivo de garantir o equilíbrio das contas dos 17 países da União Europeia que adotam a moeda única, harmonizando os gastos e a arrecadação, para salvar a zona do euro.

Os líderes europeus também pediram maiores restrições sobre o deficit dos países membros e anunciaram uma taxa comum sobre transações financeiras com o intuito de arrecadar fundos para aliviar a crise que está engolindo a União Europeia.

O encontro veio sob a pressão de um número desapontador --e preocupante-- do crescimento da principal economia da região. A economia alemã cresceu 0,1% no segundo trimestre deste ano em relação aos primeiros três meses do ano, ficando abaixo das expectativas.

Junto à estagnação da França e à alta tímida da Itália (0,3%) e Espanha (0,2%), a economia da zona do euro como um todo também cresceu menos que o previsto no segundo trimestre.

A agência de estatísticas Eurostat estimou que o PIB (Produto Interno Bruto) dos 17 países do euro avançou apenas 0,2% no período entre abril e junho sobre o trimestre anterior. A previsão do mercado era de um crescimento de 0,3%. O resultado ficou bem abaixo do primeiro trimestre, quando a economia regional se expandiu 0,8%.

A crise da dívida ameaça ainda Espanha e Itália, que foi forçada a endurecer medidas de austeridade. O mercado europeu estremeceu ainda na semana passada com pânico nas ações de bancos franceses após rumores de que o país perderia a melhor nota de classificação de risco.

Muitos especialistas dizem que a única forma de assegurar crédito a um custo acessível para os países mais endividados do bloco é pela emissão de bônus conjuntos da zona do euro. Mas Merkel e Sarkozy rejeitaram essa proposta.

Fonte: Folha.com

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