01/09/2011

Agosto começa de um jeito e termina de outro

Por Daniele Camba

 

É difícil acreditar que o mês que terminou ontem, com o Índice Bovespa na casa dos 56 mil pontos, é o mesmo em que se viu o mercado piorando muito, com o Ibovespa caindo até os 48.668 pontos. Apesar da recuperação praticamente no apagar das luzes de agosto, com quatro pregões seguidos de alta, o índice não teve forças suficientes para ficar no azul. O indicador fechou o mês com uma queda acumulada de 3,96%. No ano, cai 18,48%.

A recente melhora de humor vem animando os investidores. Só ontem, o Ibovespa subiu 2%, encerrando o pregão aos 56.495 pontos. Desde sexta-feira, o índice já acumula alta de 6,69%.

Ibovespa caiu até os 48 mil pontos e voltou para os 56 mil

 

Para aqueles que acreditam que a valorização dos últimos dias é um sinal de que a crise internacional já é notícia velha, os analistas alertam que é melhor colocar as barbas de molho. As preocupações tanto com a economia americana quanto com alguns países da Europa, que fizeram os mercados despencarem no início do mês passado, continuam existindo - e praticamente com o mesmo nível de gravidade.

"Até uma semana, os investidores estavam assustados, comprando ouro em busca de proteção; eles estavam quase colocando dinheiro embaixo do colchão, tamanha era a aversão a risco", diz o sócio da Tag Investimentos Marcelo Pereira. "Desde então, o cenário internacional continua basicamente o mesmo, portanto, o movimento de alta atual é muito mais uma correção de curto prazo do que uma mudança de tendência em si."

Pereira, assim como outros profissionais de mercado, acredita que existem várias ações ainda bastante depreciadas, mas nem por isso elas irão se valorizar. Ele cita os papéis voltados ao mercado interno, que devem sofrer menos com a desaceleração econômica mundial.

Esse tom de cautela com a alta é praticamente um consenso no mercado. O gerente de vendas da filial Rio da Fator Corretora, Cristiano Braga, lembra que o volume financeiro fraco nos últimos pregões de valorização, entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões, revela a fragilidade dessa recuperação. "O que estamos vendo na nossa mesa de operações são clientes locais ainda bem pouco confiantes e comprando no máximo as 'blue chips'", afirma Braga.

 

A análise gráfica pode dar uma pista de onde essa alta pode começar a perder o fôlego. Segundo Braga, o Ibovespa tem uma resistência importante na casa dos 58 mil pontos. Resta saber se conseguirá batê-la.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

 

 

Nenhum comentário: