01/09/2011

Investidor mostra apetite por ações e multimercados

Os investidores mostraram sangue-frio em agosto, aplicando em fundos mais arriscados mesmo em meio ao clima de montanha-russa que tomou conta da bolsa. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) sobre a movimentação do setor de fundos até o fim da semana passada mostram a volta dos investidores às carteiras de ações e aos multimercados.

No mês, até os dias 26, período em que o Índice Bovespa amargou queda de 9,30%, os fundos de ações receberam R$ 135,41 milhões. Os aportes se concentraram na categoria Ações Livre - em que os gestores têm total liberdade para escolher os papéis -, com atração de R$ 295,26 milhões no período. No acumulado do ano, até 26 de agosto, contudo, os fundos de ações ainda amargam saques líquidos de R$ 631,91 milhões.

A bolsa caiu muito logo no início de agosto, perdendo os 50 mil pontos, o que trouxe oportunidades de compra de ações a preços atraentes, afirma Sergio Manoel Correia, economista-chefe da LLA Investimentos. "Muita gente aproveitou essa volatilidade para montar posições em renda variável, e é isso que explica a captação dos fundos de ações", diz.

Mesmo com a reação do Ibovespa na segunda quinzena de agosto, Correia acredita que há espaço para novas altas da bolsa. "Ainda há potencial de valorização, embora o cenário continue complicado, com preocupações com a economia americana e a questão da dívida na Europa", afirma.

Os investidores também voltaram aos fundos multimercados. Em agosto, até o dia 26, essas carteiras registraram captação líquida de R$ 124,15 milhões, invertendo uma tendência verificada nos últimos meses. No acumulado do ano, contudo, os multimercados ainda sofrem saques R$ 31,01 bilhões, embora cerca de R$ 28 bilhões devam-se à reclassificação de carteiras macro para a categoria renda fixa. Ou seja, no ano, a saída dos multimercados gira em torno de R$ 3 bilhões.

A reação dos multimercados em agosto se deve à capacidade dos gestores de entregar novamente bons resultados, depois de um longo período de desempenho ruim, diz Correia, da LLA. "O investidor vai atrás de rentabilidade, e os ganhos recentes estão atraindo novas aplicações", afirma.

Após um primeiro semestre de rentabilidade minguada, em geral abaixo da variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), os fundos multimercados reagiram em agosto. Entre seis estratégias acompanhadas pela Anbima, quatro bateram o CDI no mês passado, até o dia 26. Destaque para os multimercados trading - que buscam ganhos de curtíssimo prazo com operações em vários mercados -, com ganho médio de 1,29% no período, bem acima da variação do CDI, de 0,93%. O mês também foi positivo para carteiras macro, com rentabilidade média de 1,2%. Nessas carteiras, os gestores realizam apostas nas tendências de ativos como câmbio e juros e ações segundo análises sobre o cenário macroeconômico.

Segundo Correia, boa parte dos gestores conseguiu aproveitar a volatilidade da bolsa em agosto e as oportunidades de ganhos no mercado de juros futuros, após a mudança de perspectiva sobre o rumo da taxa Selic.

Com o temor de novo mergulho recessivo da economia americana e desaceleração global, ganhou força a expectativa de crescimento menor e perda de fôlego da inflação por aqui. Resultado: o mercado passou a apostar em queda da Selic até o fim do ano, favorecendo as apostas prefixadas. "Vários multimercado se beneficiaram dessa mudança de expectativas", diz Correia.

Apesar da reação das aplicações de risco, o grande destaque do setor, tanto em rentabilidade quanto em captação, continua sendo a categoria renda fixa. No mês, até o dia 26, a categoria capta R$ 6,293 bilhões no mês, com os fundos renda fixa índices - em que os gestores buscam superar os índices de renda fixa, como o IMA-Geral - apresentando ganho médio de 3,35% no mes.

Veja as tabelas de fundos em www.valoronline.com.br/fundos

Fonte: Um Investimentos

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